quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Seleção feminina pretende se preparar para competições internacionais na França. Por que não fazer um CT no Brasil?

Depois de mais uma campanha ruim nas olimpíadas, a atual diretora de seleções femininas da CBB, Hortência Marcari, e o atual treinador da seleção, Luís Cláudio Tarallo, já estão de olho no próximo ciclo olímpico.


Hortência voltou de Londres com um pré-acordo com a Federação Francesa de Basquete para a que a seleção feminina possa utilizar o centro de treinamentos da França para se preparar melhor para às competições internacionais.

O treinador Luís Cláudio Tarallo comentou sobre o atual nível técnico do basquete feminino, dizendo que “está muito alto, e as seleções estão se preparando muito para as competições internacionais. Precisamos entrar nesse ritmo também para igualar a eles. Dar condições iguais para nossas jogadoras será de fundamental importância para que elas também possam render o máximo delas”.

O acordo para utilizar o centro de treinamentos na França ainda não está firmado, é apenas um pré-acordo, como afirmou a CBB, mas, a pergunta que fica é a seguinte: Por que utilizar um centro de treinamento praticamente do outro lado do mundo, gastar tempo, dinheiro e energia das atletas (na viagem), ao invés de iniciar um projeto para a construção de um aqui no Brasil, para a utilização de ambas seleções e, consequentemente, dos selecionados da base?

A evolução do basquete brasileiro não pode ficar restrita apenas a contratação dos melhores treinadores do mundo e a uma praticamente obrigação de bons resultados sem nenhum investimento sério e pesado feito anteriormente.

A CBB costuma querer colher os frutos para depois plantar, como foi o caso do Magnano. Sem uma reciclagem dos treinadores brasileiros, a opção correta a se fazer era investir nesses profissionais, mas não, o caminho mais curto, o tal colher para depois plantar, foi contratar um treinador de fora.

A mesma situação podemos afirmar à respeito do armador norte-americano Larry Taylor. Ele não foi naturalizado simplesmente por que é identificado com o país, gosta de jogar aqui e fala bem o português. Se fosse assim, eram para ter convidado o Shammel, do Pinheiros, para se naturalizar também, afinal, o ala do time da capital paulista, que já demonstrou várias vezes interesse em defender o Brasil, possui essas mesmas qualidades do jogador do Bauru. Larry foi naturalizado e Shammel não pelo simples fato do Brasil estar carente na posição de armador reserva e bem servido nas suas alas.

O certo seria investir na base para, daqui a alguns anos, termos bons jogadores titulares e reservas para manter o nível do time, mas, novamente a CBB quis colher antes de plantar.

O que o Brasil precisa realmente é de um centro de treinamento, times formadores com mais apoio, uma Confederação que se dedique ao basquete de base com louvor, afinal, a CBB hoje em dia não é mais responsável pelos campeonatos nacionais adultos. O que se precisa, na verdade, é primeiro plantar a semente, para depois, lá na frente, pensar em colher.

Eu acabei falando demais da CBB por que esse é um blog de basquete, mas o problema do esporte no Brasil não está restrito apenas a essa modalidade. O futebol, esporte número um dentro do país, está saindo do seu amadorismo administrativo faz pouco tempo. Outros esportes menos populares até do que o basquete, sofrem com a escassez de recursos. E lá na frente são cobrados para conseguirem bons desempenhos, já que os Jogos Olímpicos são a vitrine para o mundo. Mandou bem lá, está tudo bem, pensam eles.

Todo mundo sabe qual é o problema, sabem tanto que após todas às edições olímpicas e mundiais, o assunto sempre é o mesmo: investir na base e usar a fase colegial para incentivar os alunos à prática esportiva.

Não vou ficar comparando o Brasil com outros países que tem um modelo que poderíamos nos inspirar, afinal, para fazer essa comparação, temos que entrar não só no âmbito esportivo, mas também cultural, o que renderia uma baita discussão.

O que o esporte brasileiro, no geral, precisa, é isso. Plantar a semente e esperar o tempo certo para poder colher.

Logo após o término dos Jogos de Londres, os olhares todos se voltaram para o Rio de Janeiro, sede da próxima olimpíada. Uma coisa que me assustou foi ver que todo mundo falando que o Brasil tem que conquistar mais medalhas por que vai jogar em casa e coisa e tal. Na minha opinião, torcida não faz diferença, se fizesse, jogador de Xadrez tava ferrado.

A discussão não é essa, mas sim melhorar essas condições para que nossos atletas possam desempenhar um melhor papel nos Jogos, independente de medalha ou não. E mais, o que representa uma medalha para o povo brasileiro? De verdade, não representa nada. O que tem que vir para o esporte, no Brasil, não são medalhas, mas legados esportivos. 

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