quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Procura-se torcedor

É inegável que a cada ano que passa o Novo Basquete Brasil evolui, tudo bem que tem alguns passos atrás, como o site que ainda não funciona em perfeito estado e a polêmica final em jogo único. Não concordo que acabar com a tradicional série melhor de cinco, principalmente se tratando de uma série final, trocando pelo apelo do jogo ser transmitido na televisão vá ser um motivo para o torcedor que não acompanha a modalidade parar na frente da telinha para poder acompanhar a finalíssima. Quem gosta de basquete gosta e acabou, pode ser final melhor de cinco, melhor de sete, como é na NBA, pode ser até melhor de 10, o torcedor que gosta do esporte vai acompanhar, mas enfim, esse é um dos problemas, mas ele não será tratado agora, pois o foco está na torcida.


Alguns estados tem um apelo muito grande, como São Paulo, Distrito Federal e agora o Rio de Janeiro, que está contando com os jogos do Flamengo no Tijuca Tênis Clube, um ginásio bem mais acessível aos torcedores do que a antiga casa do time, Arena Barra, que fica localizada lá aonde Judas perdeu as botas. 


Diferente desses três estados (lembre-me algum se eu estiver esquecido) os demais não estão contando com uma torcida  muito presente. O jogo do Joinville, em casa mostrou isso. A torcida estava em número reduzido e olha que era e estréia do time da competição e logo contra um adversário de apelo; o Brasília.


O problema de olharmos para as arquibancadas vazias é praticamente um problema crônico do nosso basquete, que desde a primeira edição do atual campeonato, que é realizado pela Liga Nacional de Basquete, sofre desse mal que afeta os ginásios brasileiros. 


O fato do Rio de Janeiro estar com uma torcida muito presente me alegra demais. Não pelo fato deu ser carioca e acompanhar alguns jogos agora lá no ginásio do Tijuca, mas por outro motivo. Se formos parar para pensar, Franca, Bauru, Pinheiros, São José e Brasília são os times que mais tem lotado ginásio na história recente do NBB e quando olhamos mais afundo para o posicionamento esportivo dessas regiões, percebemos que dentre as equipes que eu citei, o Pinheiros, que fica na capital paulista e o Flamengo, são os únicos times que possuem forte concorrência com o futebol, enquanto Brasília e Franca por exemplo não tem essa "disputa".


Muitas pessoas falam que a falta de torcedores se dá a pouca estrutura dos ginásios. Discordo! Não sei se em outros estados é assim, mas aqui no Rio, quando vamos ao maracanã, principalmente quando o jogo é badalado, ficamos horas nas filas para comprar ingressos, não temos lugar direito para estacionar os carros, os que vão de ônibus ficam todos espremidos, por que as viações não intensificam a sua frota, e dentro do estádio ficamos desconfortáveis, sentados em uma cadeirinha ridícula de plástico e no final das contas, sempre estamos lá! Estou falando isso pra provar que não é por falta de estrutura. No futebol também é assim e ninguém reclama, todo mundo vai. 


Alguns gostam de querer falar do modelo do vôlei, que o basquete tem que copiar para poder encher os ginásios como essa modalidade vem fazendo. Desculpem admiradores do vôlei, mas a torcida é uma  farsa! Ela é constituída basicamente por mulheres, que vão para admirar os jogadores, pegar a camiseta do patrocinador e ficar batendo aquela coisinha de plástico, que faz um barulho chato a beça. 


Nunca vi no vôlei e creio que nunca vou ver a torcida ecoando o ginásio por reclamação de uma marcação errada de um juiz, nunca vi no vôlei a torcida xingar um jogador, ficar todo mundo sentadinho, apreensivo acompanhando o jogo pelo radinho, pela TV no celular e coisas do tipo. Na torcida do vôlei não vejo paixão, passionalidade, não escuto aquele tradicional "Ei, juiz, vai tomar no cú" e volto a repetir. Isso tudo por que a torcida do vôlei é uma farsa! Parem de dar camisetas, parem de ter jogadores "fofinhos" que o público vai sumir, ou seja, não temos que copiar em nada o vôlei.


Creio que a falta de torcedores no ginásios de basquete é algo cultural, que não está enraizada em nosso cotidiano. Falta um pouco disso para o esporte poder crescer como todo mundo espera, sendo falado nas ruas, ganhando espaço na TV aberta. 


Confesso que acho muito difícil o basquete "roubar" o público do futebol ou simplesmente fazer com que a atenção seja dividida, por que o cara que é fanático pelo esporte número um no Brasil não vai deixar de dar 50 reais em uma partida de futebol para dar 20 em uma de basquete. Então já que não dá pra "roubar" essa torcida, temos que ir atrás de quem ainda não tem opinião formada, a molecada.


Os times do NBB deveriam ser obrigados a ter um mascote e interagir com as crianças no intervalo de jogo, seja subindo na arquibancada para brincar ou chamar a garotada para bater uma bolinha enquanto os jogadores esperam a chegada do terceiro período. 


Temos que proporcionar à esses torcedores a sensação de "quero mais", fazer com que eles saiam do ginásio já contando as horas para o próximo jogo, perturbando os seus pais para levá-los ao ginásio, nem que seja para brincar com o mascote. 


Esse público tem que ser o foco dos dirigentes brasileiros. Essa nova geração vai ter um olimpíada no Rio e vai ver a seleção nacional jogar no mínimo duas olimpíadas seguidas.


Se as categorias de base é o futuro de um esporte, as crianças são também a garantia de ginásios cheios no futuro, caso algo seja feito pensando neles.

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